O termo Autoginecofilia, que significa literalmente "amor a si mesmo como mulher", foi criado pelo Dr. Ray Blanchard, que na ocasião era psicólogo clínico do Clarke Institute of Psychiatry, em Toronto, Canadá.
Com o objetivo, segundo ele, de aprimorar os critérios de classificação das pessoas trans, Blanchard partiu de um critério de excitação sexual que o levou a dividir a população transgênera em dois grupos que denominou, respectivamente, de autoginecofílico (ou autoginefílico) e androfílico.
Um transgênero do tipo androfílico, que ele também denomina de transexual homo, é aquele que só se excita sexualmente com um homem. Segundo ele, esse tipo é menos propenso a fazer a cirurgia de reaparelhamento genital, porque o pênis continua sendo um detalhe importante na sua relação sexual.
Ao contrário, o transgênero autoginecofílico é aquele que se excita sexualmente com a idéia de estar sendo ele próprio uma mulher (Blanchard argumenta que nenhuma mulher se excita pelo fato de ser mulher...). O tipo autoginecofílico tem quase sempre o desejo cirúrgico, pelo fato do seu objeto de orientação sexual ser o seu próprio corpo feminino idealizado, donde Blanchard denominá-lo de trans hetero.
O autoginefílico é um homem que deseja ardentemente ser mulher, não pelo fato puro e simples de ser mulher, mas como um homem que “linka” sua excitação sexual masculina (tesão) com o fato de estar vivendo dentro de um corpo de mulher. Ou seja, ele deseja ser mulher para sentir-se dentro de um corpo de mulher, principalmente nas horas que busca expressar a sua sexualidade. Evidentemente isso não é a mesma coisa que desejar ser "completamente mulher", possuindo não só todos os atributos físicos e mentais de uma fêmea da espécie, mas também a sua identidade social e o seu estilo de vida (gênero feminino). É justamente esse torturante desejo de ser mulher, em todas as dimensões e sob todos os pontos de vista, que emblematicamente sempre caracterizou a transexualidade: - mulheres presas em corpos de homens.
Em defesa da autoginefilia como causa da transexualidade, existem especialistas como a Dra. Anne Lawrence, ela mesma uma transexual operada de Seattle-EUA, que descreve o fenômeno como "homens presos em corpos de homens" (ao contrário da tradicional assertiva "mulheres presas em corpos de homens"). Como comprovação, ela apresenta o seu próprio caso, dizendo que a autoginecofilia é uma forma de parafilia (desvio da orientação sexual, como a BD/SM) voltada para o próprio corpo feminino. Argumenta ainda que, para um autoginecófilo, o objetivo de virar mulher equivale a casar-se para os heteros.
Em 2003, o Dr. J. Michael Bailey, da Northeastern University, publicou uma obra muito controversa que trata de autoginecofilia, denominada "O homem Que Seria Rainha: a Ciência da Mudança de Gênero e Transexualismo" (The Man Who Would Be Queen: The Science of Gender Bending and Transsexualism)
No livro, Bailey argumenta que a homossexualidade masculina é congênita e resulta da hereditariedade e do ambiente pré-natal no útero materno. Ele também sugere que a transexualidade é tanto um tipo extremado de homossexualidade quanto a expressão de uma parafilia, conhecida como autoginecofilia.
Desde o seu lançamento, o livro, tem gerado uma enorme controvérsia no meio transexual, como de resto tem acontecido com o próprio conceito de autoginecofilia.
Nem é preciso dizer que autoginecofilia é um modelo horripilante para a maioria das transexuais. Uma das muitas razões desse horror é que, uma vez que a aceitação dessa tese invalida toda a dolorosa experiência de transição pela qual as transexuais se vêem obrigadas a passar. Ou seja, uma vez provada a sua autoginecofilia, seria muito desconfortável e até ofensivo para a maioria das transexuais admitir que foram tão longe, e de maneira tão perigosa e sofrida, apenas para atender os seus impulsos sexuais masculinos.
Existem, no entanto, certos aspectos que devem ser cruciais na distinção de autoginecófilos de transexuais. Quando uma verdadeira transexual termina seu processo de transição, o que se dá mediante uma CRG (cirurgia de reaparelhamento genital), ela não quer mais de maneira alguma ser identificada como transexual, mas como mulher de verdade, em todos os aspectos e sob todos os pontos de vista. Ou seja, uma vez que consiga se livrar dos atributos físicos que a identificam o sexo masculino, ela quer mais é desaparecer na multidão, sem deixar vestígios de que teria sido homem algum dia.
Um autoginecófilo, ao contrário, mesmo depois da CRG, tenderá sempre a perpetuar sua condição de "homem preso num corpo de homem", sem o que desapareceria o seu tesão original.
Autoginefilia ainda é um dos grandes tabus dentro da cultura transgênera, já que ninguém ainda se propôs a investigar seriamente qual seria o percentual de homens diagnosticados como transexuais que, fundamentalmente, estariam melhor classificados como “crossdressers autoginefílicos”.
Fonte: Leticia Lanz
1 comentários:
não sei como me encaixaria nesses rótulos, mas comecei usando calcinhas e só me relacionava com mulheres, tenho um tesão louco por bunda e anus, hoje separado com filhos, me imagino tendo vagina e seios, fico louco vendo mulheres gostosas e me imaginando como elas, estou no limite de tesão por elas e ser elas
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