Crônica: A Chave da Liberdade

Capítulo 9: A Chave da Liberdade

Nos dias seguintes à viagem, a ideia começou a crescer como uma semente regada pelo desejo. Não bastava mais viver apenas em finais de semana ou em escapadas ao litoral. Ela queria um espaço constante, um refúgio dentro da própria cidade, onde pudesse existir sem precisar se desmontar ao ir para o trabalho.

Crônica Crossdresser: A Chave da Liberdade

Assim, começou a procurar. Sites de imobiliárias, anúncios em jornais locais, até grupos em redes sociais. Passava noites olhando fotos de salas comerciais para alugar. Algumas eram frias demais, outras grandes demais, outras caras demais. Mas não desistia. Cada clique era um passo em direção à liberdade. Um lugar só dela para trabalhar livre e sem olhares julgadores de colegas de trabalho.

Um sábado de manhã, finalmente encontrou um imóvel que parecia feito para ela: pequeno, iluminado, com uma janela larga que deixava a luz entrar sem pedir licença. O preço era justo, a localização discreta. Marcou a visita com as mãos trêmulas.

No dia agendado, foi ao encontro do corretor vestida de forma simples, ainda em sua “versão masculina”. Mas por baixo de sua calça jeans masculina, escondida, usava uma calcinha preta de renda que servia como um lembrete secreto da mulher que estava prestes a conquistar mais espaço no mundo.

Quando entrou na sala, sentiu o coração acelerar. As paredes brancas, o chão de porcelanato frio, o eco dos passos… tudo parecia vazio, mas cheio de possibilidades. Imaginava já uma mesa com flores, um espelho grande na parede, maquiagem espalhada sobre a bancada, vestidos pendurados em cabides coloridos. Aquilo não era apenas uma sala. Era um pedaço de futuro.

O corretor falava sobre detalhes técnicos, contrato, taxas, mas ela mal ouvia. Estava perdida em devaneios: trabalhando ali de salto alto, sentada em sua mesa com um social feminino ou um vestido, atendendo chamadas com batom vermelho, tomando café em canecas delicadas. Um lugar só dela, onde poderia respirar como quem é de verdade.

— Gostei muito. Quero fechar o contrato — disse, sem titubear.

Quando recebeu a chave alguns dias depois, chorou sozinha no quarto. Chorou de alívio, de medo, de alegria. Segurava aquele pequeno pedaço de metal como quem segura um passaporte para uma nova vida.

E sabia: assim como o ônibus a levou até o mar, aquela chave a levaria até sua própria liberdade.

Continua... Aguarde o capítulo 10. 

Confira: 

Capítulo 1 - Crônica Crossdresser: O Segredo Sob a Roupa

Capítulo 2 - Crônica Crossdresser: O Segredo Sob a Roupa, o próximo passo

Capítulo 3 - Crônica Crossdresser: O Espelho da Loja

Capítulo 4 - Crônica Crossdresser: A Primeira Saída

Capítulo 5 - Crônica Crossdresser: Um Novo Passo para a Liberdade

Capítulo 6 - Crônica Crossdresser: A Estrada para o Mar

Capítulo 7 - Crônica Crossdresser: O Final de Semana Perfeito na Praia

Capítulo 8 - Crônica Crossdresser: De Olho no Futuro

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