Capítulo 97: Um Dia Inteiro Só Para Ela

Capítulo 97: Um Dia Inteiro Só Para Ela

A segunda-feira amanheceu tranquila, com o ar suave de fim de ano e a cidade ainda meio silenciosa por causa do recesso. O Studio Florescer Crossdresser estava fechado até dia 26/12, e Camila, pela primeira vez em semanas, acordou sem horário, sem compromisso, sem pressa. Apenas com a vontade sincera de ter um dia inteiro só para ela mesma. 

Capítulo 97: Um Dia Inteiro Só Para Ela

Levantou cedo da cama espreguiçando-se e, tomou um banho refrescante e, como sempre, prendeu o cabelo em seu rabo de cavalo impecável. Escolheu uma minissaia jeans bem curta e delicada, que destacava seu lado mais jovem e livre, combinada com uma blusinha branca simples, fresca, perfeita para o calor. Calçou seu tênis branco — confortável, leve, feminino — e, depois de um retoque de maquiagem, saiu pela porta sentindo-se… viva.

Caminhou pelas ruas ainda vazias — feminina — e entrou na padaria da esquina, onde pediu um café com leite e um pão na chapa. Sentou-se perto da janela e ficou observando o movimento lento da manhã, saboreando a sensação agradável de não ter hora para nada. De vez em quando, sorria sozinha, lembrando do domingo com Rafael e do carinho que ele tinha por ela.

Depois do café, começou oficialmente seu dia de compras.

As lojas de roupas estavam movimentadas com o clima natalino, mas Camila estava tranquila, caminhando entre araras e vitrines com o brilho curioso de quem ainda descobria esse universo feminino com o qual sempre sonhou.

Experimentou vestidos, saias, blusas, sapatos. Gostou de vários, mas se apaixonou por um vestido branco delicado, com um caimento leve que parecia feito para ela. O vestido perfeito para passar a noite de Natal na casa dos pais.

Assim que se viu no espelho, com aquela peça suave e feminina, veio a lembrança que ela vinha tentando não encarar de frente: como será que eles vão reagir?
 

Eles já sabiam. Já tinham conversado por telefone. Já tinham dito que a amavam. Mas vê-la assim, tão mulher, tão ela… seria diferente.

Camila respirou fundo. Lembrou do apoio de Anna e Roberta, do carinho de Rafael, da força que ela mesma havia descoberto ao longo daqueles meses.

E decidiu comprar o vestido.

Depois, escolheu também uma sandália de salto prateada — elegante, brilhante, perfeita para combinar com a delicadeza do look. Um pequeno luxo para si mesma.

O resto da manhã foi dedicado a lojas de decoração e móveis para apartamentos pequenos. Camila andou entre prateleiras observando potes, pratinhos, luminárias, nichos e almofadas. Escolheu alguns itens simples, mas que deixariam sua kitnet ainda mais com cara de lar: uma manta nova para o sofá, uma luminária minimalista para a mesinha lateral e algumas decorações pequenas para a prateleira que ainda estava vazia.

Ao meio-dia, parou em um restaurante pequeno e aconchegante para almoçar. Sozinha, mas tranquila. A comida era boa, o ambiente calmo, e ela aproveitou pra descansar as pernas enquanto olhava as sacolas ao redor da mesa. Sorriu. Tinha algo muito especial em escolher coisas para ela mesma — como se cada item fosse uma costura no tecido da nova vida que ela estava construindo.

À tarde, decidiu explorar outras lojas. Em uma loja de artigos esportivos, encontrou o presente perfeito para Rafael: um tênis de corrida moderno, discreto, bonito. Combinava exatamente com ele — com seu jeito simples, carinhoso, sempre disposto a levar Camila junto em cada parte da vida dele.

Na loja seguinte, escolheu os presentes para os pais. Coisas que tinham significado, mas também utilidade. Presentes que transmitiam carinho sem parecer forçados. E, enquanto escolhia, novamente pensou no Natal. No retorno à cidade onde crescera. No reencontro com sua história.

O peito apertou, mas dessa vez sem dor. Era apenas emoção. Expectativa. Medo e esperança misturados.

Quando já era fim de tarde, voltou para casa carregando tantas sacolas que mal sentia os dedos. Mas estava feliz. Cansada, mas feliz.

Assim que entrou na kitnet, tirou os sapatos e largou as sacolas na sala. Tomou um banho rápido e, sem cerimônia, colocou apenas uma calcinha e um sutiã — leves, confortáveis — e se deitou no sofá, ainda com o cabelo preso, sentindo a brisa que entrava pela janela.

Passou o resto do dia ali mesmo, assistindo às séries que amava, alternando entre risos, suspiros e pensamentos sobre tudo o que tinha vivido e tudo o que ainda estava por vir.

Era o primeiro Natal dela… como Camila.
O primeiro de muitos.

E, naquele fim de tarde, entre travesseiros e episódios, ela permitiu-se apenas ser: uma mulher descansando depois de um dia cheio de pequenas conquistas — e grandes sonhos.

Continua... Aguarde o capítulo 98. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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