Capítulo 95: O Pós Confraternização
O sábado amanheceu silencioso, como se o próprio mundo estivesse se recuperando da energia da noite anterior. Quando Camila abriu os olhos, ainda sentia um leve cansaço nos músculos — resultado de tantas horas dançando, rindo e caminhando pelo Studio Florescer Crossdresser durante a confraternização. Mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação boa, quente, de satisfação profunda. O tipo de cansaço que vinha depois de algo que realmente valera a pena.
Ela se arrumou devagar para o trabalho: uma saia jeans curta, uma blusinha leve e o cabelo preso em um rabo de cavalo simples. Precisava de conforto naquele dia.
Ao chegar ao Studio, encontrou Anna parada do lado de fora, segurando uma plaquinha que diziam:
“Recesso de Natal: Funcionaremos hoje e retornaremos dia 26/12.
Aproveitem as festas! 💖✨”
— Dormiu bem? — perguntou Anna com um sorriso sonolento, mas brilhante.
— Como um bebê bêbado de felicidade — respondeu Camila rindo.
— Eu estou só o pó — disse Roberta, surgindo de dentro com dois cafés na mão e o cabelo preso em um coque desordenado. — Mas eu juro que nunca estive tão feliz. Que noite, meu Deus…
Anna se apoiou na porta, respirando fundo como se estivesse revivendo cada momento.
— A gente conseguiu, meninas. De verdade. Aquela festa foi tudo o que eu sempre quis que o Florescer representasse.
— Liberdade — completou Camila. — E amor.
— E decote — brincou Roberta, fazendo Anna rir alto.
Apesar do cansaço evidente — olheiras leves, passos lentos, movimentos mais cuidadosos — as três pareciam iluminadas. Havia uma cumplicidade forte, reforçada pela festa da noite anterior, como se o Studio tivesse ganhado um novo significado para todas.
O movimento no sábado foi tranquilo. Talvez porque muitas pessoas estivessem viajando ou organizando suas próprias celebrações de Natal. Algumas clientes que haviam ido à confraternização apareceram para tomar um café, comentar os momentos mais engraçados, elogiar a organização e agradecer pelo acolhimento.
— Aquele momento da passarela foi o melhor da minha vida — disse uma crossdresser cliente assídua. — Nunca achei que teria coragem de brincar daquele jeito.
— Esse é o efeito Florescer — respondeu Roberta, piscando.
Camila, mesmo cansada, manteve seu sorriso e sua delicadeza habitual. Preparou cafés, conversou com clientes, limpou mesas com movimentos suaves e tranquilos. Anna cuidava do caixa, e Roberta coordenava o balcão. Mesmo funcionando em ritmo mais lento, o Studio mantinha seu charme.
De vez em quando, as três trocavam olhares cúmplices — daqueles que diziam mais do que palavras.
“Ontem foi lindo.”
“Estamos exaustas.”
“Mas faria tudo de novo.”
Ao meio-dia, Camila parou no balcão e suspirou fundo.
— Eu queria deitar aqui mesmo e só acordar em janeiro.
— Amiga, se você deitar aí, eu deito junto — disse Anna, apoiando a cabeça nos braços. — E o Studio fecha mais cedo.
— Seria uma tragédia ou um presente? — Roberta brincou, abraçando as duas por trás.
A tarde seguiu leve, tranquila, quase contemplativa. O Studio, ainda decorado com os enfeites da festa, parecia carregar ecos da noite anterior — risos, música, passos, beijos. Cada canto parecia sorrir.
Quando começou a escurecer, Anna decidiu que fechariam um pouco mais cedo, afinal, o aviso estava na porta e ninguém reclamaria.
— Meninas — disse ela enquanto abaixava a porta de metal — conseguimos fechar o ano com chave de ouro.
— Mais que ouro — disse Camila, guardando o pano de limpeza. — Com glitter.
Roberta riu.
— Glitter e vinho.
As três se abraçaram ali mesmo, na porta semiabaixada, em um gesto simples, mas carregado de carinho.
O recesso de Natal estava prestes a começar, mas antes de se despedirem, Anna disse:
— Vocês são minha família. Obrigada por fazerem do Florescer tudo o que ele é.
Camila sorriu, sentindo o coração aquecido.
— E obrigada por me deixarem florescer junto com vocês.
Roberta então sugeriu:
— O que acham de nós fazermos um passeio em casal amanhã, nós 3 e o Rafa?
Todas acharam a ideia maravilhosa e ficaram de se encontrar no domingo a tarde para um passeio.
E assim encerraram o último dia de trabalho antes do Natal — cansadas, mas radiantes, com a certeza de que o Studio Florescer Crossdresser não era apenas uma cafeteria. Era um lar que elas mesmas construíram, dia após dia, abraço após abraço, história após história.
Continua... Aguarde o capítulo 96.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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