Capítulo 91: O Dia do Histórias do Florescer

Capítulo 91: O Dia do Histórias do Florescer

O sábado amanheceu com um brilho diferente — daqueles que parecem anunciar algo importante antes mesmo de o dia começar. 
Camila acordou com o coração leve, ainda sentindo na pele o momento de amor que tivera com Rafael na noite anterior.
A lembrança do que aconteceu no carro na noite anterior, do beijo intenso, das carícias, do coito, fez seu peito vibrar de novo enquanto se arrumava. 

Capítulo 91: O Dia do Histórias do Florescer
 

Escolheu um vestido branco curto, delicado, que dançava ao menor movimento.
Calçou sandálias de salto alto brancas e prendeu os cabelos num rabo de cavalo elegante, deixando apenas algumas mechas soltas que suavizavam seu rosto.
A maquiagem leve destacava seu brilho natural — aquele mesmo que Rafael sempre dizia que ela tinha.

Ao chegar ao Studio Florescer Crossdresser, encontrou Anna e Roberta já a postos.

Anna usava um vestido floral azul que combinava perfeitamente com seu estilo suave.
Roberta, sempre impecável, vestia um longo verde claro que a deixava ainda mais elegante.

— Nossa, Camila… você está radiante — disse Anna, ajustando algumas flores na entrada.

— Hoje o dia promete — Roberta completou, piscando com cumplicidade.

Camila sorriu, mas logo se perdeu por um instante na lembrança da noite anterior: o estacionamento silencioso, a noite de amor no carro, o modo como Rafael a olhava… como se ela fosse algo precioso.
Sacudiu a cabeça levemente, voltando para a realidade.

Era dia de evento.
E o Studio já começava a despertar com movimentação.

A manhã passou rápida entre atendimento aos clientes, organização das mesas, revisão da iluminação, teste dos microfones, arrumação de bancos e xícaras, decoração do palco com flores — tudo com aquela mistura gostosa de correria e cuidado.

O tempo voou.
Quando viram, os relógios já marcavam 15h45.

— É agora — disse Anna, respirando fundo. — Vamos dar início.

Às 16h em ponto, o Histórias do Florescer — Segunda Edição começou.

O Studio lotou mais do que qualquer uma esperava:
crossdressers, mulheres trans, homens trans, mulheres cis, homens cis, casais, famílias, curiosos, apoiadores — todos ali para ouvir, aprender, partilhar.
Havia uma energia de acolhimento tão grande que parecia abraçar qualquer pessoa que entrasse pela porta.

Camila ficou emocionada desde o primeiro relato.
Histórias de coragem, vergonha superada, amores inesperados, perdas, descobertas, recomeços.
Cada pessoa subia ao palco e deixava um pedaço de si ali, com sinceridade e esperança.

Enquanto ouvia atenta, próxima ao palco, Camila olhava o público com carinho… até que seus olhos pararam, inesperadamente, em uma figura familiar na porta.

Ela prendeu a respiração.

Rafael.

Ele estava ali — discreto, encostado perto da entrada, sorrindo para ela com aquele olhar que dizia mais do que palavras.

O coração de Camila deu um salto.
O mundo pareceu silenciar por alguns segundos.
Aquele gesto… aquela presença… ela não esperava, mas precisava mais do que sabia.

Ele veio.
Por ela.

Camila sentiu os olhos arderem, mas segurou.
Era como receber força.

Anna percebeu e deu um sorriso discreto, orgulhoso.
Roberta apertou seu ombro com carinho.

O resto do evento correu ainda melhor.
O ambiente estava leve, tocante, lindo.
Cada discurso parecia ganhar novo significado com Rafael ali, acompanhando tudo com atenção genuína.

Quando o evento finalmente terminou — já perto das 20h — as três organizadoras desabaram em algumas cadeiras próximas ao balcão.
Estavam cansadas, mas felizes de um jeito que só quem coloca amor no que faz consegue sentir.

Rafael aproximou-se delas, ainda sorrindo.

— Vocês… arrasaram — disse ele. — Foi lindo. De verdade. Eu fiquei emocionado.

Camila corou, orgulhosa e surpresa.

— Não acredito que você veio — ela disse, rindo baixo. — Eu achei que você estaria descansando…

— Descansar eu faço depois. Isso aqui era importante. E eu queria estar presente.

Anna colocou as mãos na cintura, brincalhona:

— Olha, se continuar assim, vamos te colocar como voluntário no próximo evento.

Rafael riu.

— Na verdade… se vocês deixarem, eu gostaria mesmo. De ajudar na organização. De participar de alguma forma. Esse lugar… tem algo especial.

Roberta sorriu com ternura.

— O Florescer chama quem é do bem. E você parece ser.

Camila, cansada mas radiante, apenas observou.
Sentia-se segura.
Vista.
Amada.

E naquela noite, no Studio ainda cheio de ecos de histórias, ela percebeu que sua própria história também estava florescendo — página por página, encontro por encontro.

Ao lado de quem escolhia estar com ela.
Exatamente como ela era.

Continua... Aguarde o capítulo 92. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

Capítulos novos todos os dias.

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