Capítulo 77: O Almoço de Domingo

Capítulo 77: O Almoço de Domingo

O sábado passou devagar, mas o coração de Camila seguia inquieto.
Desde o passeio ao anoitecer, algo diferente pairava entre ela e Rafael.
As mensagens no WhatsApp, os emojis tímidos, as pequenas declarações — tudo estava ficando mais sério, mais profundo.

Na manhã de domingo, o celular vibrou com uma notificação.
Era Rafael.

— Bom dia, Camila. Pensei em te convidar para almoçar hoje na minha casa. Eu já falei de você pra minha mãe… e ela está curiosa pra te conhecer.

Camila levou a mão à boca, surpresa.
Um calor suave subiu pelo peito.
Isso era mais que um encontro… era um passo real.

— Eu adoraria. Que horas? — ela respondeu.

— 12h30. Te busco às 12h.

Camila respirou fundo.
Sentiu aquele misto de ansiedade e alegria que só momentos importantes provocam.

Passou a manhã se arrumando com calma: escolheu um vestido claro, simples e elegante; prendeu o cabelo em um rabo de cavalo baixo; maquiagem leve; um perfume floral discreto.
Queria estar bonita, mas sem exagero — queria parecer ela mesma.

Quando Rafael chegou, sorriu tão largo que Camila sentiu o corpo relaxar.
— Você está… perfeita.

— Obrigada — ela disse baixinho. — Também está muito bonito.

No caminho, Rafael falou mais abertamente, sem disfarçar o nervosismo.
— Camila… eu contei pra minha mãe que você é especial pra mim. E que você é uma crossdresser. Ela perguntou algumas coisas, mas ficou feliz por você vir.

Camila ouviu em silêncio.
Sentiu um nó de tensão na garganta, mas também um orgulho enorme por ver tanta honestidade.

— Obrigada por contar a verdade — disse ela, tocando sua mão. — Eu fiquei com medo, mas fico feliz por você ser sincero com ela… e comigo.

Rafael sorriu e deu um beijo leve na mão dela.
— Você merece sinceridade sempre.

A casa era aconchegante, cheia de plantas na varanda.
A mãe de Rafael abriu a porta com um sorriso gentil.

— Então você é a Camila! — disse, com um brilho verdadeiro no olhar. — Seja muito bem-vinda. Estava ansiosa pra te conhecer.

Camila relaxou um pouco.
A voz da mãe dele tinha um calor natural.

— Muito obrigada. É um prazer estar aqui — respondeu Camila, com educação.

A mesa estava posta com carinho: travessas simples, comida caseira, aroma de temperos frescos.
Durante o almoço, conversaram sobre assuntos leves — trabalho, gostos pessoais, histórias do Studio, viagens que a mãe dele sonhava fazer.

Em alguns momentos, a mãe de Rafael lançava olhares sorridentes para os dois, percebendo a forma como ele tratava Camila com delicadeza.

— Meu filho mudou nesses últimos tempos — ela disse, rindo. — Está mais feliz.

Rafael, envergonhado, coçou a nuca.
Camila sorriu timidamente.
— Ele também me faz muito feliz — disse.

O clima ficou suave, acolhedor.

Depois do almoço, Rafael levou Camila até o quintal, onde um balanço de madeira pendia sob a sombra de uma árvore.
Ali, longe da vista, ele segurou as mãos dela.

— Eu queria que você visse que eu te levo a sério… que não tenho vergonha de você.
Queria que soubesse que quero construir algo verdadeiro com você.

Camila sentiu os olhos se encherem.
— Rafael… obrigada. Eu nunca imaginei que alguém pudesse me olhar como você olha.
Como se eu fosse… especial.

Ele sorriu, aproximando-se devagar.
O beijo que trocaram ali foi doce, calmo, cheio de significado.

Não era apenas um beijo.
Era confiança.
Era afeto.
Era o começo de algo maior.

Quando Rafael a levou de volta para casa no fim da tarde, segurou sua mão o caminho inteiro.
Antes de se despedirem, disse:
— Domingo que vem… você topa sair comigo de novo?

Camila sorriu, com o coração leve.
— Topo. Topo mil vezes.

E ficou ali na calçada até o carro sumir na esquina.
Depois subiu para seu apartamento com a sensação clara e profunda de que algo estava florescendo — dentro dela, dentro dele, dentro daquela história que começava a ganhar raízes firmes. 💗🌿 

Continua... Aguarde o capítulo 78. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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