Capítulo 103: Um Chalé no Interior
O domingo começou antes mesmo do sol nascer.
Camila despertou com o coração leve, como se o dia a estivesse chamando em silêncio. A mala já estava pronta desde a noite anterior, encostada perto da porta da kitnet — claro, sem esquecer o vestido rosa que ganhou dos pais para passar o Réveillon. Ela se levantou devagar, tomou um banho longo, deixando a água escorrer como se levasse embora qualquer resquício de cansaço daquele ano intenso.
Vestiu o vestido florido curtinho e leve, perfeito para o calor que prometia chegar cedo. Calçou o tênis branco confortável, prendeu os cabelos no seu já habitual rabo de cavalo, colocou os óculos de sol sobre a mesa e respirou fundo diante do espelho. Estava tranquila, feliz — inteira.
Quando Rafael chegou, o céu ainda guardava tons escuros da madrugada. Camila abriu a porta com um sorriso que dizia tudo.
— Você está linda… — ele disse, sem esforço, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Ela sorriu ainda mais, pegou a bolsa, a mala e desceu animada. Poucos minutos depois, já estavam na estrada, deixando a cidade para trás.
A viagem seguia tranquila, cerca de três horas pela frente. O dia amanhecia ensolarado, e dentro do carro o clima era leve. Conversavam sobre tudo e sobre nada, cantavam as músicas da rádio, riam das letras esquecidas, dividiam silêncios confortáveis.
Pararam em uma lanchonete rústica à beira da estrada, com mesas de madeira e uma vista ampla para as montanhas. O ar era fresco, e quando Camila saiu do carro sentiu a brisa leve entrar por baixo do vestido, fazendo-a sorrir sozinha. Aquela sensação simples a fazia se sentir livre, feminina, presente.
Tomaram café com calma, observando a paisagem, antes de retomarem a estrada.
A cidade turística surgiu pouco depois, aconchegante, charmosa, com ruas tranquilas e um ritmo que parecia convidar ao descanso. Seguiram direto para a pousada, cercada de verde, onde os chalés se espalhavam discretamente pela área.
Ao entrarem no chalé reservado, Camila ficou alguns segundos parada, admirada. O quarto amplo com cama de casal, a mesa com duas cadeiras, o banheiro grande com banheira, e a varanda com vista para as montanhas, onde havia um sofá, uma rede e uma pequena mesa.
— É perfeito… — ela disse, quase em sussurro.
Depois de deixarem as malas, caminharam pela pousada: conheceram a piscina, as áreas verdes, o espaço de lazer, o buffet. Tudo parecia feito para desacelerar.
Em seguida, pegaram o carro novamente e foram para a cidade. Almoçaram, caminharam pelas ruas, visitaram pontos turísticos, entraram em lojinhas, observaram pessoas, conversaram sem pressa. O dia passava suave, como se o tempo tivesse diminuído o passo só para eles.
No fim da tarde, já cansados, voltaram para a pousada e decidiram aproveitar a piscina.
Camila vestiu um biquíni preto, simples e elegante. Rafael vestiu sua sunga, e juntos seguiram até a área da piscina. O espaço era discreto, cercado por árvores, completamente vazio. Só os dois.
Entraram na água devagar, conversando, rindo, se aproximando. Ficaram ali por um bom tempo, trocando carinho, palavras baixas, sentindo o calor do dia ir embora aos poucos.
Depois subiram para o chalé. O banho veio acompanhado de mais proximidade, mais afeto, mais entrega silenciosa. Nada precisava ser dito.
( * Confira a versão adulta desse trecho clicando aqui )
À noite, saíram novamente para jantar na cidade, escolhendo um lugar simples e acolhedor. Voltaram cansados, satisfeitos, com aquela sensação boa de quem viveu um dia inteiro de verdade.
Já no chalé, deitaram-se para descansar. Camila se acomodou ao lado de Rafael, olhando pela varanda as luzes distantes e as sombras das montanhas.
O domingo havia sido exatamente o que precisava ser:
um dia para respirar, sentir, amar — e simplesmente estar.
Continua... Aguarde o capítulo 104.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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