Capítulo 69: Pensamentos que Florescem

Capítulo 69: Pensamentos que Florescem

A manhã começou como qualquer outra no Studio Florescer Crossdresser, mas para Camila, tudo parecia ligeiramente fora de ritmo. 

O aroma do café, o tilintar das xícaras, o som suave das conversas ao fundo — nada conseguia afastar o turbilhão de pensamentos que a acompanhava desde aquele domingo. 

Capítulo 69: Pensamentos que Florescem

Enquanto limpava as mesas e ajeitava flores nos vasos, seu olhar se perdia no nada.
A lembrança voltava em ondas: o sol filtrando pelas árvores do parque, o som leve dos passos na trilha, e aquele instante em que ele parou diante dela. Camiseta suada, colada marcando seu corpo.
As palavras dele ecoavam com clareza dentro da cabeça:

“Isso te torna ainda mais especial… além de linda.”

Camila respirou fundo, tentando disfarçar o rubor que sentia só de lembrar.
Aquele elogio simples, dito com tanta naturalidade, havia atravessado suas defesas de um jeito que ela não esperava.
Era raro ser vista assim — sem julgamento, sem rótulos, apenas como alguém bonita e especial.

Anna percebeu o olhar distante da amiga e perguntou com um sorriso:
— Está tudo bem, Camila? Está tão quieta hoje.

Camila despertou do devaneio e respondeu, um pouco atrapalhada:
— Está sim… só estou pensando em algumas coisas.

A amiga riu suavemente:
— Coisas boas, espero.

Camila apenas sorriu, sem coragem de responder.
“Coisas boas…”, pensou consigo mesma.
Sim, eram boas — e confusas também.

Durante o dia, ela se pegava distraída várias vezes.
Ao preparar o café, esquecia o açúcar; ao anotar um pedido, escrevia o nome errado.
As outras meninas brincavam, dizendo que ela estava “com a cabeça nas nuvens”, e talvez estivessem certas.

Porque a verdade era que o pensamento dela estava lá — no banco do parque, no momento em que o mundo pareceu parar por alguns segundos.
Ela lembrava de como se sentiu vulnerável quando ele perguntou se era trans, e de como o medo de ser rejeitada deu lugar a uma ternura inesperada quando ouviu a resposta dele.

“Especial…”

Aquela palavra se repetia como um eco suave dentro dela, e a cada repetição o sentimento crescia.

Quando o expediente terminou e o Studio foi fechado, Camila caminhou de volta para casa com o entardecer a envolvê-la.
O céu alaranjado refletia em seus óculos de sol, e o vento brincava com as pontas do vestido leve que usava.

Ela subiu as escadas do prédio, entrou em seu pequeno apartamento e, ao fechar a porta, sentiu um suspiro escapar — como se tivesse guardado o dia inteiro dentro do peito.
Tirou os sapatos, soltou o cabelo e ficou um momento parada, olhando pela janela.

Lá fora, as luzes da cidade piscavam aos poucos, como pequenos pontos de vida.
Camila pensou nele novamente — no sorriso discreto, no olhar gentil, nas palavras que ficaram gravadas.

Sentou-se na cama, abraçando o travesseiro, e deixou o pensamento seguir livre:
“Será que vou vê-lo de novo? Será que ele pensou em mim também?”

A dúvida se misturava ao desejo, e o desejo à esperança.
Era uma sensação nova, leve e inquietante — como o primeiro desabrochar de uma flor.

Quando deitou para dormir, o rosto dele e o seu corpo atlético suado ainda estava em sua mente fazendo com que um calor subisse pelo seu corpo. Imaginando seus lábios se encontrando e as peles se tocando trazia uma sensação de delírio. 

Camila untou seu dedo com óleo corporal, afastou a calcinha para a lateral e sentiu a invasão de seu dedo médio. Em seu pensamento o garoto a abraçava, envolvendo seu corpo com aqueles braços braços fortes. Apenas com a invasão de seu dedo e a imaginação, Camila chegou ao ápice. — Ofegante, ainda com aquela cena que acabara de imagem em sua mente seu corpo começou a relaxar e a respiração a suavizar.

E enquanto o sono chegava devagar, Camila percebeu um sorriso suave se formando em seus lábios.
Talvez fosse isso que as pessoas chamavam de estar apaixonada — quando o simples lembrar de alguém faz o coração bater diferente e o corpo aquecer.

Na penumbra do quarto, antes de adormecer, ela sussurrou para si mesma:
— Talvez… eu esteja mesmo me apaixonando.

E com esse pensamento doce e silencioso, Camila adormeceu.
O coração leve. O sonho cheio de esperanças. 🌙

Continua... Aguarde o capítulo 70. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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