Capítulo 68: O Centro de Apoio Florescer

Capítulo 68: O Centro de Apoio Florescer

As semanas seguintes foram de movimento constante no Studio Florescer Crossdresser.
O aroma de café e bolo ainda enchia o ar como sempre, mas havia algo diferente no ambiente — uma energia de transformação, de recomeço. 

Anna e sua amiga passavam horas planejando o novo projeto.
Queriam criar algo além da cafeteria, um espaço onde o acolhimento fosse o centro de tudo.
Nasceu assim o Centro de Apoio Florescer, uma iniciativa para reunir, orientar e dar suporte a pessoas que, como elas, buscavam entender e viver sua identidade com amor e respeito.

— O que eu quero é que ninguém precise se sentir sozinha como eu já me senti um dia — disse Anna, enquanto organizava uma pilha de papéis sobre o balcão.
— E que encontrem aqui o mesmo conforto que você encontrou — completou sua amiga, sorrindo.

Camila, que ouvia a conversa, sorriu com ternura.
— Esse lugar já é especial. Agora vai se tornar ainda mais.

Durante dias, trabalharam juntas nos preparativos: organizaram cadeiras, decoraram uma das paredes com fotos das clientes e amigas do Studio, arrumaram o pequeno palco dos fundos — agora com microfones, abajures e uma cortina de tecido lilás.
No canto, uma mesa redonda foi colocada para as rodas de conversa, com flores naturais e velas aromáticas que deixavam o ar mais leve.

O próximo encontro do Centro de Apoio foi marcado para um sábado à tarde.
Anna e sua amiga ficaram apreensivas — não sabiam quantas pessoas apareceriam.
Mas, conforme a hora se aproximava, o pequeno salão foi se enchendo aos poucos.
Algumas já conheciam o Studio; outras chegaram tímidas, com olhares de curiosidade e um certo medo.

Camila foi uma das primeiras a recepcioná-las.
Tinha um dom natural para deixar as pessoas à vontade.
Ofereceu café, ouviu histórias e apresentou o lugar como quem fala de um lar.

— Fiquem à vontade, meninas — dizia, sorrindo. — Aqui é um espaço de respeito e carinho.

Quando o encontro começou, Anna deu as boas-vindas com uma voz emocionada:
— O Florescer nasceu como um sonho, e ver todas vocês aqui hoje é a prova de que sonhos compartilhados florescem ainda mais bonitos.

A amiga completou:
— Aqui, cada história importa. Cada jornada é única. E cada passo, mesmo o menor, é um ato de coragem.

As primeiras partilhas foram tímidas, mas logo o clima se tornou leve e acolhedor.
Risos se misturaram a lágrimas, e o silêncio deu lugar à confiança.

Foi então que a porta se abriu devagar.
Uma jovem de aparência delicada, de cabelos castanhos presos em um coque, entrou hesitante.
Usava uma saia longa e uma blusa simples, e segurava nervosa a alça da bolsa.
Os olhos denunciavam uma mistura de medo e esperança.

Camila foi a primeira a se aproximar.
— Oi, seja bem-vinda. Pode entrar — disse com doçura. — Eu sou a Camila.

A jovem respirou fundo antes de responder:
— Prazer… eu sou Lívia.
— É a primeira vez que vem aqui? — perguntou Camila.
— É… eu vim de outra cidade. Vi sobre o Studio nas redes sociais. Eu… precisava de ajuda.

Anna se aproximou e colocou a mão sobre o ombro dela com ternura.
— Você fez o certo vindo até aqui, Lívia. Agora você não está mais sozinha.

Lívia sorriu timidamente, os olhos marejados.
Sentou-se entre Camila e Anna e, pela primeira vez, sentiu-se em um lugar onde poderia respirar sem medo.

Enquanto a tarde seguia, ela ouviu histórias de coragem, riso e aceitação.
De vez em quando, trocava olhares com Camila — olhares que diziam sem palavras: eu sei como é.

No final do encontro, Anna fez um breve discurso:
— Cada uma de nós carrega uma história diferente, mas o que nos une é o desejo de florescer sendo quem somos. Que o Centro de Apoio seja o jardim onde cada uma possa desabrochar no seu tempo.

Quando todos aplaudiram, Camila percebeu que algo especial estava nascendo ali.
Um espaço onde ninguém precisaria esconder o que sentia.
Onde o amor, o respeito e a compreensão seriam o solo fértil para tantas vidas florescerem.

Naquela noite, enquanto fechavam o Studio, Anna olhou para Camila e sua amiga e disse com um sorriso sereno:
— O Florescer cresceu… e agora vai dar ainda mais frutos.

Camila respondeu com o olhar brilhando:
— Sim… e cada uma de nós é uma flor diferente desse mesmo jardim. 🌸 

Continua... Aguarde o capítulo 69. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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