Capítulo 60: O Primeiro Lar de Camila

Capítulo 60: O Primeiro Lar de Camila

A manhã estava clara e tranquila quando o ônibus deixou Camila próximo ao novo endereço.
Com uma mochila nas costas e uma pequena mala de rodinhas, ela caminhava pelas ruas calmas, o coração batendo acelerado.
Era o início de uma nova vida — e, pela primeira vez, um lugar seria realmente seu.

Capítulo 60: O Primeiro Lar de Camila

A kitnet ficava a poucos quarteirões do Studio Florescer Crossdresser.
Um prédio simples, mas bem cuidado, com plantas na entrada e janelas amplas.
Camila subiu as escadas com a chave nas mãos, e ao abrir a porta, foi recebida por um ar fresco e um leve perfume de limpeza.

Anna havia cumprido a promessa: mandara uma diarista deixar tudo impecável.
O pequeno espaço estava organizado, com móveis básicos — uma cama, um guarda-roupa, uma mesinha e uma poltrona próxima à janela.
O piso brilhava e as cortinas claras deixavam a luz do sol entrar, suave e acolhedora.

Camila pousou a mala no chão e olhou em volta, sorrindo com os olhos marejados.
— É aqui… — murmurou, quase sem acreditar.

Começou a arrumar tudo com calma.
No guarda-roupa, pendurou os poucos vestidos, blusas e saias que possuía.
Dobrou com cuidado os shortinhos, as meias e as camisetas femininas.
Na pequena cômoda, organizou perfumes, maquiagens e alguns acessórios simples — brincos, pulseiras, laços de cabelo.

No banheiro, colocou seus produtos de higiene pessoal, sabonetes e um pequeno frasco de hidratante que havia ganhado de Anna.
A cada pequeno gesto, o ambiente parecia ganhar mais personalidade, mais vida — e o espelho refletia uma Camila que, aos poucos, se via florescendo.

Já era meio-dia quando ela terminou.
Abriu a mala novamente e tirou de lá um vestido florido, o mesmo que tanto gostava de imaginar vestindo em seus dias de liberdade.
Amarrou o cabelo em um rabo de cavalo simples, calçou uma sapatilha branca e passou uma maquiagem leve, apenas para se sentir bem.

Ao se olhar no espelho, sorriu.
A imagem refletida devolvia não apenas beleza, mas serenidade — a sensação de finalmente pertencer a si mesma.

Antes de sair, deu uma última olhada no pequeno lar.
O espaço ainda estava incompleto — faltavam utensílios de cozinha, roupas de cama e alguns detalhes —, mas era o suficiente.
Era o ponto de partida de algo maior.

Saiu para as ruas próximas, aproveitando o sol do início da tarde.
Parou em um restaurante próximo, almoçou algo leve e rápido pois queria logo ir para as compras.
Comprou panelas, pratos, talheres, uma toalha nova e um conjunto simples de lençóis.
As sacolas pesavam, mas Camila sentia-se leve.
Cada compra representava um pedacinho da vida que ela estava construindo com as próprias mãos.

Ao retornar, já no fim da tarde, parou diante de uma vitrine que chamou sua atenção.
Era uma pequena loja de lingerie.
Olhou por um momento, hesitante — depois, respirou fundo e entrou.

Caminhou entre as araras coloridas até encontrar um babydoll de tecido macio, em tom suave de rosa e renda delicada.
Tocou o tecido entre os dedos e sorriu.
— É esse — disse baixinho.

Pagou a compra e voltou para casa com o coração aquecido.
Enquanto o sol se punha, Camila preparou um cafezinho, sentou-se na poltrona e olhou pela janela.
A rua estava silenciosa, e o céu alaranjado refletia o fim de um dia de conquistas.

Naquela noite, enquanto guardava suas últimas coisas e preparava a cama, tomou uma decisão que soou como um sussurro firme em sua mente:

“A partir de hoje, não usarei mais roupas masculinas. Vou viver como quem eu realmente sou.”

Deixou as antigas peças dobradas no fundo da mala e fechou o zíper com um gesto calmo, quase cerimonial.
Depois, colocou o babydoll recém-comprado sobre a cama.
Era um símbolo — não de vaidade, mas de liberdade.

Tomou um banho longo, fez depilação completa, passou creme pelo corpo que a deixou cheirosa e macia. Vestiu uma delicada calcinha branca de renda, vestiu o babydoll e se olhou no espelho  — finalmente estava vendo a mulher bela e delicada que habitava dentro dela.

Deitou-se e sentiu o tecido leve sobre a pele, o perfume novo do quarto, o som distante da cidade adormecendo.
Era sua primeira noite em seu próprio lar, a primeira noite dormindo inteiramente como... Camila.
E, pela primeira vez, ela dormiu não apenas em um novo lugar, mas em uma nova versão de si mesma.

🌸 Camila finalmente tinha um lar. E, com ele, a paz de poder ser quem sempre foi. 🌸 

Continua... Aguarde o capítulo 61. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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