Capítulo 52: Encerrando um Ciclo, Florescendo Outro

Capítulo 52: Encerrando um Ciclo, Florescendo Outro

O sol da manhã atravessava a janela do escritório, projetando reflexos dourados sobre a mesa que, por tanto tempo, fora o centro das ideias, dos planos e dos sonhos de duas pessoas que se encontraram e se transformaram.
Anna passou os dedos pela superfície lisa, como quem acaricia uma lembrança.
— Parece que foi ontem que começamos tudo aqui… — disse ela, a voz suave, mas com um toque de melancolia.  

A amiga, encostada na porta, observava o espaço em silêncio.
As paredes ainda guardavam fotos, anotações, lembranças de noites de trabalho e confidências entre cafés e risadas.
O escritório havia sido o primeiro abrigo delas — o cenário de descobertas, medos e conquistas.

Mas agora, o Studio Florescer Crossdresser chamava por elas com força.
Desde a reportagem e o crescimento da cafeteria, o movimento havia aumentado tanto que as duas já não conseguiam conciliar tudo.
Pedidos, eventos, novos clientes e até convites para palestras — o Florescer estava virando um símbolo.

— Está na hora de escolher — disse a amiga, aproximando-se de Anna. — E, no fundo, acho que a escolha já foi feita.

Anna sorriu de leve, ainda olhando ao redor.
— Eu sei… mas é difícil dizer adeus.
— A gente não está apagando o que viveu aqui — respondeu a amiga, tocando-lhe o ombro com carinho. — Está só mudando de cenário.

Nos dias seguintes, começaram a empacotar as coisas.
Os quadros com frases inspiradoras, as plantas, os pequenos objetos que contavam a história delas.
Cada item guardado era um suspiro, um fragmento de tempo que ficaria para sempre guardado na memória.

Enquanto organizavam as últimas caixas, Anna parou diante da janela e respirou fundo.
— Este lugar me viu florescer — disse, emocionada. — Foi aqui que eu aprendi a me ver como realmente sou.
A amiga se aproximou e respondeu, com um sorriso cheio de ternura:
— E agora o mundo vai te ver também.

Quando o dia da despedida chegou, as duas voltaram ao escritório uma última vez, só para agradecer em silêncio.
Sentaram-se no velho sofá, o mesmo onde tantas conversas, risadas e confissões aconteceram.
Não disseram muita coisa — as palavras seriam pequenas demais para o que sentiam.

Anna encostou a cabeça no ombro da amiga.
— Engraçado… — disse, com um meio sorriso. — Quando tudo começou, eu achava que esse era o nosso destino final.
— E é — respondeu a amiga. — Só que o destino tem mais capítulos do que a gente imagina.

No final da tarde, apagaram as luzes pela última vez.
Antes de sair, Anna olhou o ambiente uma última vez — o escritório agora vazio, mas cheio de histórias invisíveis que ficariam ali para sempre.
Ela trancou a porta, e, ao ouvir o clique da fechadura, sentiu o coração apertar e se expandir ao mesmo tempo.

Do lado de fora, o sol começava a se pôr.
A amiga segurou sua mão e sorriu.
— Pronta pra começar de novo?
Anna assentiu, com os olhos marejados.
— Pronta pra florescer ainda mais.

Nos dias seguintes, o Studio Florescer Crossdresser passou a abrir também durante a semana.

A cafeteria ganhou novas mesas, uma vitrine de doces artesanais e um pequeno mural onde as visitantes deixavam bilhetes e mensagens.

O letreiro agora brilhava de segunda a domingo, e o movimento era constante.

O novo ritmo era intenso, mas recompensador.
Entre xícaras de café e conversas sinceras, Anna sentia que cada passo dado, cada mudança, a levava mais perto de si mesma.

E assim, o escritório que um dia representou o início, deu lugar ao espaço que agora simbolizava o florescer completo — não só de Anna e de sua amiga, mas de todas as pessoas que encontravam ali um pedaço de liberdade.

Do lado de fora, sob o céu alaranjado, o letreiro brilhava com mais força do que nunca:

🌸 Studio Florescer Crossdresser – Cafeteria & Espaço de Liberdade 🌸

E enquanto fechavam as portas naquela noite, as duas se olharam com ternura e souberam, sem precisar dizer nada, que o ciclo se completara com amor — e que um novo estava apenas começando. 

Continua... Aguarde o capítulo 53. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

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