Capítulo 40: Quando a Coragem Inspira

Capítulo 40: Quando a Coragem Inspira

Os dias seguintes correram tranquilos. O burburinho causado pelo encontro no parque havia se dissipado, mas algo dentro de Anna permanecia diferente — mais firme, mais leve, mais verdadeiro. 

 

Crônica Crossdresser - Capítulo 40: Quando a Coragem Inspira

Naquela sexta-feira, o escritório estava silencioso. O relógio marcava quase cinco da tarde quando o celular da amiga vibrou.
Era uma mensagem de Cláudia. 

— Oi! Posso passar aí rapidinho? Preciso conversar com vocês.

Anna sentiu um frio no estômago.
A amiga a olhou, buscando seu consentimento.
Anna respirou fundo e respondeu:
— Claro. Vamos ouvir o que ela tem a dizer.

Meia hora depois, Cláudia apareceu. Estava visivelmente nervosa — algo incomum para alguém tão expansiva.
Trazia um buquê de flores simples nas mãos.

— Eu… precisava vir pessoalmente — começou ela, olhando para as duas com um sorriso tímido. — Desde aquele dia no parque, fiquei com aquilo na cabeça.

Anna manteve o olhar sereno, sem saber o que esperar.

— No começo — continuou Cláudia —, confesso que fiquei surpresa. Não porque tenha algo contra, mas porque percebi que nunca parei pra pensar de verdade sobre isso. Sobre o quanto a gente, às vezes, fala de “liberdade” sem entender o que ela realmente significa.

Ela fez uma pausa, respirou fundo e prosseguiu:
— Quis pedir desculpas se, de alguma forma, minha reação naquele dia foi desconfortável. Na verdade, eu admiro vocês. Principalmente você, Anna. — disse olhando nos olhos de Anna. — Te vi ali, linda, confiante e orgulhosa de ser quem realmente é. Vi em vocês duas um amor verdadeiro, leve, e… percebi que talvez eu mesma tenha vivido tanto tempo tentando agradar os outros que esqueci de ser eu.

O silêncio que se seguiu foi bonito — cheio de compreensão.
Anna sorriu e respondeu com delicadeza:
— Cláudia, você não precisa se desculpar. Foi um momento inesperado pra todos nós. E ouvir isso agora… significa muito.

Cláudia assentiu, os olhos marejados.
— Obrigada. Vocês me fizeram refletir. Às vezes, a coragem de uma pessoa faz os outros enxergarem a própria covardia. E vocês me lembraram que ainda dá tempo de mudar.

A amiga se levantou e a abraçou. Anna logo se juntou a elas.
Foi um abraço sincero, sem palavras, mas cheio de reconciliação e afeto.

Depois de alguns minutos de conversa leve e risadas, Cláudia se despediu.
Antes de sair, virou-se e disse:
— Ah… as flores são pra vocês. Por me mostrarem o que é coragem com ternura.

Anna segurou o buquê, emocionada.
O sol do fim da tarde iluminava o rosto dela, refletindo no vidro do escritório.
Era como se a vida devolvesse, em luz, tudo o que ela havia enfrentado com sombra.

Naquela noite, em casa, Anna colocou as flores em um vaso sobre a mesa.
Olhou para a amiga e disse com um sorriso sereno:
— Viu? A coragem contagia.
— E o amor transforma — respondeu a amiga, aproximando-se para abraçá-la.

O vento da janela balançava levemente as cortinas, e o perfume das flores preenchia o ar.
Era o perfume da paz — a que nasce quando a verdade encontra espaço para florescer.

Continua... Aguarde o capítulo 41. 

Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser

Capítulos novos todos os dias.

Comentários