Capítulo 35: A Verdadeira Mulher no Escritório
A segunda-feira amanheceu com o céu limpo e um vento suave atravessando as ruas da cidade.
Anna acordou cedo, e ao olhar para o espelho, sentiu algo diferente.
Não era mais a insegurança que costumava acompanhá-la nas manhãs — era uma calma doce, uma certeza tranquila de que estava exatamente onde deveria estar.
Abriu o guarda-roupa e, por um momento, deixou a mão deslizar entre as roupas.
Escolheu uma blusa leve, de tom creme, e uma saia preta curta com leve movimento. Nos pés, sapatilhas discretas; nos lábios, um toque de brilho.
Não era uma produção para “se esconder” nem para “chamar atenção” — era apenas Anna, simples e autêntica.
Ao chegar ao escritório, sentiu o coração acelerar. Era o mesmo espaço de sempre — a mesa, as plantas, o aroma de café recém-passado — mas algo nele parecia novo. Talvez fosse o reflexo da mudança que acontecera dentro dela.
A amiga já estava lá, sentada junto à janela, revisando alguns papéis. Quando levantou os olhos e viu Anna, sorriu com ternura.
— Olha só quem chegou…
Anna retribuiu o sorriso, meio tímida.
— Pronta para mais uma semana.
— Pronta, não. Radiante — respondeu a amiga, levantando-se e caminhando até ela. — Está linda.
O elogio foi simples, mas carregado de sinceridade.
Anna sentiu as bochechas corarem, e por um instante, o tempo pareceu parar. Era como se todo o caminho percorrido até ali — o medo, as dúvidas, a coragem — ganhasse sentido naquele olhar de cumplicidade.
Um abraço longo seguido de um beijo carinhoso fez as duas se sentirem nas nuvens. Quando os lábios se tocaram e as línguas entrelaçaram, todo aquele momento que aconteceu naquele chalé veio à tona em seus pensamentos.
— Iremos repetir o que aconteceu naquele chalé muitas e muitas vezes. — sussurrou a amiga nos ouvidos de Anna.
Durante o dia, as duas trabalharam lado a lado. Atendimentos, telefonemas, risadas entre uma pausa e outra. Nada extraordinário acontecia, e ainda assim tudo era diferente.
Anna se movia com leveza, falava com segurança, e até o som do salto baixo no piso parecia afirmar sua presença no mundo.
Em um momento de pausa, a amiga lhe ofereceu uma xícara de café e disse, com voz baixa:
— Eu gosto de te ver assim… você está finalmente em paz.
Anna olhou pela janela, observando o reflexo da cidade no vidro.
— Acho que, pela primeira vez, estou vivendo de verdade. Antes eu só sobrevivia — tentando me encaixar, tentando esconder. Agora, não preciso mais disso.
A amiga pousou a mão sobre a dela.
— E é assim que quero te ver todos os dias: livre.
O resto da tarde passou rápido. Quando fecharam o escritório, o sol já se punha, tingindo tudo de laranja e dourado.
Ao trancar a porta, Anna virou-se para a amiga e sorriu.
— Sabe… hoje eu percebi que não tenho mais medo de ser vista.
A amiga segurou sua mão, entrelaçando os dedos.
— Porque o mundo precisa conhecer a mulher incrível que você sempre foi.
Caminharam juntas pela calçada, o som dos passos ecoando suave.
E enquanto o vento da tarde balançava os cabelos de Anna, ela pensou consigo mesma:
"A coragem de ser quem sou valeu cada instante do caminho."
Continua... Aguarde o capítulo 36.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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