Capítulo 34: O Florescer da Nova Mulher
Naquela tarde de domingo, a estrada de volta parecia diferente daquela que as levara ao interior. Talvez porque agora Anna também fosse outra. O carro deslizava pelas curvas com o som do vento entrando pelas janelas entreabertas, trazendo o cheiro de terra molhada e de liberdade.
No banco do passageiro, Anna olhava para a paisagem sem dizer nada — mas dentro dela, o silêncio era cheio de significados.
Naquela viagem, algo havia se revelado: não apenas o amor entre duas pessoas, mas o encontro mais profundo que se pode ter — o encontro consigo mesma. O momento em que sua parceira a fez mulher na intimidade.
A amiga, com uma mão no volante e a outra descansando sobre o colo de Anna, lançou-lhe um olhar terno.
— Está quietinha… em que está pensando?
Anna sorriu de leve.
— Em como tudo foi tão gostoso ontem a noite. Na sensação maravilhosa de sentir você dentro de mim. Isso me deixa mais leve agora. Como se uma parte de mim que estava escondida finalmente tivesse respirado.
A amiga apertou de leve sua mão.
— Então deixa essa parte viver. O mundo precisa ver o que eu vejo em você. Tenha certeza que amei estar dentro de você, mesmo que apenas com acessórios, mas não tem palavras para descrever o prazer e emoção que senti naquele momento.
Anna sentiu o coração se aquecer e o calor subir pelo corpo.
Antes, sair de casa “montada” era um desafio que misturava medo e desejo. Agora, a sensação era diferente: ela queria ser vista, não por vaidade, mas por verdade. Mal via a hora se sentir sua amada parceira dentro dela novamente.
Ao chegarem à cidade, estacionaram em frente ao apartamento de Anna. O vidro do carro refletia o rosto das duas — e, pela primeira vez, Anna se reconheceu completamente naquele reflexo.
Não era uma imagem de disfarce ou fantasia, mas de autenticidade.
Entraram no apartamento juntas. A amiga colocou uma música suave, abriu as janelas e o cheiro familiar do perfume de Anna se espalhou pelo ar.
Anna caminhou até a mesa de jantar, passou os dedos pelos objetos e sorriu.
— Engraçado… parece que até este lugar me recebe diferente hoje.
— Porque você está diferente — respondeu a amiga, aproximando-se. — E quando a gente muda por dentro, tudo ao redor muda também.
Anna se virou e a abraçou. Foi um abraço silencioso, longo, onde cabiam gratidão, amor e uma promessa de futuro.
Ao cair da noite, quando o brilho da lua já iluminava a janela, Anna olhou para o espelho na parede e pensou:
"Não sou apenas alguém que veste o feminino. Eu sou o feminino que escolheu florescer."
E ao lado da mulher que a ajudou a se descobrir, ela sabia que aquele retorno não era um fim — era o verdadeiro começo.
Continua... Aguarde o capítulo 35.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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