Capítulo 33: O Amanhecer de Anna
O sol nasceu tímido entre as montanhas, tingindo o céu de tons dourados e rosados. O chalé, envolto pelo canto dos pássaros e pelo perfume da madeira, parecia guardar o eco da noite anterior — uma noite que mudara tudo, mesmo sem precisar de grandes palavras.
Anna acordou devagar, sentindo o corpo leve e o coração sereno. Ao seu lado, a amiga ainda dormia, com o rosto tranquilo e um sorriso quase imperceptível nos lábios. Por um instante, Anna apenas observou — como quem tenta gravar na alma a imagem de um sonho que se tornou real.
Levantou-se e foi até a janela. Do lado de fora, o campo verde parecia infinito. Ela respirou fundo e sorriu, como se o ar fresco da manhã lhe preenchesse de vida nova.
Pela primeira vez, ela sentia-se inteira — não representando, não disfarçando, não sonhando — apenas sendo.
A amiga se aproximou por trás e a abraçou suavemente, encostando o queixo em seu ombro.
— Bom dia, minha mulher linda — sussurrou com carinho.
Anna sorriu, emocionada.
— Você não imagina o que essas palavras significam pra mim… ontem à noite… eu senti algo que nunca tinha sentido antes.
— O quê? — perguntou a amiga, olhando nos olhos dela.
— Que eu realmente sou uma mulher. Não porque alguém me disse, nem por causa das roupas… mas porque, pela primeira vez, alguém me viu assim. Me amou assim. Na cama me fez mulher.
A amiga segurou o rosto de Anna entre as mãos.
— Eu não precisei ver uma mulher. Eu sempre a vi. Só esperei o momento em que você mesma conseguisse enxergar isso.
Anna sentiu as lágrimas brotarem, mas eram lágrimas doces, de alívio e gratidão.
Tudo o que um dia fora medo ou dúvida agora parecia distante. No lugar, havia paz — uma sensação suave de pertencimento.
As duas tomaram café na varanda, observando o sol subir no horizonte. Entre uma risada e um silêncio confortável, sabiam que algo profundo havia se transformado.
Anna não era mais a mesma.
O chalé havia sido o cenário, mas o verdadeiro despertar acontecera dentro dela — na descoberta de que ser mulher não era uma questão de aparência, e sim de essência, coragem e amor.
Quando a amiga segurou sua mão sobre a mesa, Anna entendeu que aquele gesto simples continha o significado de tudo o que buscou por toda a vida: ser amada, respeitada e reconhecida por quem realmente é.
E enquanto o vento balançava as cortinas brancas, ela pensou consigo mesma:
"Talvez ser mulher seja isso… se permitir florescer, mesmo depois de tantas tempestades."
Continua... Aguarde o capítulo 34.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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