Capítulo 31: Quando o Amor É Postura

Capítulo 31: Quando o Amor É Postura

Era uma manhã comum. O céu estava limpo, e o caminho até o escritório parecia o mesmo de sempre. Anna, confiante e serena, vestia uma saia curta bege e uma blusa branca de tecido leve e salto alto branco. Ao seu lado, a amiga caminhava sorridente, vestindo uma saia jeans, blusinha preta e sapatilhas, comentando sobre o fim de semana que planejavam juntas.

 

Crônica Crossdresser - Capítulo 31: Quando o Amor É Postura
 

Mas ao entrarem no prédio, perceberam os olhares. Dois colegas de outros escritórios, que costumavam passar despercebidos, cochicharam algo e riram discretamente quando Anna passou. Ela fingiu não notar, mas por dentro o coração acelerou.

No elevador, o silêncio pesou. Anna respirou fundo, tentando disfarçar o incômodo. Quando as portas se fecharam, a amiga segurou sua mão.
— Ei… olha pra mim. — disse suavemente. — Não deixa isso te abalar. Você é linda, e tem todo o direito de ser quem é.

Anna sorriu de leve, mas seus olhos estavam marejados.
— Eu sei… mas ainda dói. Às vezes eu esqueço que o mundo nem sempre está pronto pra nos ver como somos. — disse Anna com a voz embargada. 

A amiga se aproximou e respondeu com firmeza:
— O mundo não precisa estar pronto. O que importa é que você esteja. E eu estou aqui, com você.

Ao chegar ao escritório, Anna respirou fundo, sentou-se diante do espelho pequeno que mantinha sobre a mesa e, com calma, retocou o batom. O gesto, simples e cotidiano, tinha agora um significado maior: era sua forma silenciosa de resistir.

Durante o dia, ambas trabalharam como sempre, trocando olhares cúmplices e sorrisos discretos. Nenhum comentário maldoso foi capaz de tirar delas a leveza que construíram juntas.

No fim do expediente, enquanto caminhavam para casa, Anna disse:
— Sabe, hoje eu percebi que o amor também é uma forma de postura. Quando você segura minha mão, quando me defende com o olhar… é como se dissesse ao mundo que eu existo, que eu posso ser quem sou.

A amiga sorriu e respondeu com doçura:
— É que te amar é também te admirar. E o que você faz todos os dias — sair, trabalhar, viver de forma autêntica — é coragem pura. Eu só estou aqui pra te lembrar disso quando o mundo tenta te fazer esquecer.

Anna encostou a cabeça no ombro dela, e seguiram em silêncio.
Naquele fim de tarde, o vento trazia um frescor leve, e o coração de Anna estava em paz.
Ela sabia que a vida ainda traria desafios, mas agora entendia que o amor que compartilhavam era também escudo, abrigo e força.

E assim, entre passos firmes e mãos entrelaçadas, seguiram — não mais se escondendo, mas existindo plenamente, lado a lado, com a dignidade e a ternura de quem aprendeu que amar, às vezes, é o ato mais corajoso de todos. 

Continua... Aguarde o capítulo 32. 

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