Capítulo 30: O Amor em Sua Forma Mais Livre
Nos dias que seguiram, algo mudou entre as duas. Não foi uma mudança brusca, mas um amadurecimento silencioso, daqueles que se percebem em pequenos gestos: o olhar mais tranquilo, o toque mais confiante, o riso fácil que surgia mesmo nas horas de cansaço.
Anna, que antes carregava o receio constante de ser julgada, agora caminhava com mais leveza. Passara a ir ao escritório com roupas femininas escolhidas com carinho — às vezes uma saia, outras vezes uma calça justa e uma blusa delicada. A presença da amiga tornava tudo natural. Ela não precisava mais se esconder, e esse sentimento de liberdade era o que a fazia sorrir sem motivo aparente.
Certa manhã, enquanto tomavam café juntas antes de começar o trabalho, a amiga comentou:
— Você já reparou como o mundo parece diferente quando a gente para de pedir desculpas por ser quem é?
Anna riu baixinho.
— Sim… parece que até o ar fica mais leve.
— É isso que eu quero pra nós — continuou a amiga. — Que a gente viva sem medo. Sem precisar se encaixar no que os outros esperam. O que temos é nosso, e é bonito assim.
Anna olhou para ela com ternura.
— Acho que é a primeira vez na vida que me sinto completa. Não por me vestir de um jeito ou de outro, mas porque tenho alguém que me enxerga por dentro.
A amiga se aproximou e tocou o colar que Anna usava — um pequeno pingente em forma de coração.
— Eu te enxergo, sim. E cada vez que te vejo assim, confiante, feminina, sendo você mesma… é como se o mundo ficasse mais bonito.
Anna segurou a mão dela, e por um instante, o tempo pareceu parar.
O escritório, que antes era só um local de trabalho, agora era também um abrigo de amor, um espaço onde ambas podiam respirar verdade.
No final do dia, saíram juntas para uma caminhada curta, de mãos dadas, conversando sobre planos, sonhos, e sobre como o amor, quando é sincero, não precisa ser entendido — apenas sentido.
O vento soprava leve, brincando com os cabelos de Anna, e ela pensou que talvez fosse isso o que sempre buscou: um amor que não a quisesse mudar, mas a ajudasse a florescer.
E, lado a lado, seguiram caminhando — duas mulheres, duas histórias entrelaçadas, vivendo o amor em sua forma mais livre.
Continua... Aguarde o capítulo 31.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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