Capítulo 85: A Entrega de Corpo e Alma
O domingo amanheceu silencioso na pequena kitnet de Camila, com uma luz suave atravessando as cortinas e iluminando o ambiente de maneira acolhedora.
Ela despertou antes mesmo do despertador — o coração acelerado, uma mistura de ansiedade doce e expectativa.
Rafael viria almoçar com ela.
Camila levantou devagar, respirando fundo para acalmar o peito.
Queria que tudo fosse perfeito — não grandioso, não exagerado — apenas carinhoso, com o seu toque, do seu jeito.
Um lar preparado com afeto
Passou a manhã arrumando a kitnet com o mesmo cuidado com que arrumava o balcão do Studio.
Dobrou a manta no sofá, colocou flores simples em um copo usado como vaso, abriu as janelas para deixar o ar entrar.
Depois começou o almoço: algo simples, mas feito com tanto carinho que cada detalhe parecia um convite à delicadeza.
Quando provou o tempero final, sorriu.
“Espero que ele goste…”
Preparando-se para recebê-lo
Faltando pouco tempo para Rafael chegar, Camila tomou um banho longo, deixando a água cair sobre si como se lavasse o nervosismo.
Depilou-se com calma, passando as mãos pela pele para sentir tudo bem liso — não por imposição, mas porque isso a fazia sentir-se verdadeiramente ela.
E claro, o mais importante, deixou a chuca em dia.
Vestiu uma calcinha branca de renda que havia comprado justamente para este dia especial.
Escolheu um vestido branco, leve e curto, que dançava quando ela se movia.
Calçou uma sandália rasteirinha delicada, passou uma maquiagem suave que realçava seu olhar e finalizou com um perfume leve, quase imperceptível… mas presente.
Quando se viu no espelho, segurou o próprio reflexo por um instante.
Não se via um “menino tentando ser algo”.
Via uma mulher.
E isso a emocionou de uma forma silenciosa.
O encontro
Quando Rafael bateu à porta, Camila sentiu o coração saltar.
Abriu devagar — e o sorriso dele ao vê-la foi tão sincero que fez todas as inseguranças desaparecerem por um instante.
— Você está linda… — ele disse, com aquela honestidade que sempre atingia o centro dela.
— Obrigada… — Camila respondeu, um pouco corada. — Entra.
O almoço foi leve, romântico, cheio de risadas tímidas e conversas macias.
Rafael elogiou o tempero, elogiou a casa, elogiou a companhia — e Camila tentava não corar toda vez.
O vinho acompanhou a tarde como se fizesse parte da atmosfera, deixando tudo ainda mais confortável.
Depois do almoço
— Quer assistir um filme? — Camila perguntou, recolhendo os pratos.
— Quero… mas só se eu puder ficar perto de você. — Rafael respondeu, quase em sussurro.
Camila sorriu com o coração.
Sentaram-se no sofá, escolheram um filme leve… mas a atenção dos dois logo deixou de estar na tela.
O silêncio entre eles não era desconfortável — era cheio, denso, bonito.
Rafael passou o braço ao redor dela com cuidado, como se pedisse permissão com o próprio gesto.
Camila aproximou-se, encostando a cabeça no ombro dele.
No toque das mãos, no jeito que os olhares se encontravam, na respiração que se harmonizava… havia algo crescendo.
Algo inevitável.
E foi nesse ambiente de ternura que Camila, pela primeira vez, permitiu-se não ter medo.
Permitindo-se sentir, confiar, se abrir.
Ela se entregou — não somente ao desejo físico, mas também ao sentimento, ao afeto, ao carinho que transbordava dos dois.
Sem pressa, sem medo, sem culpa.
( * Confira a versão adulta desse trecho clicando aqui )
A tarde correu suave, preenchida por toques delicados, abraços longos, carinho, beijos demorados…
tudo envolto em um respeito imenso, como se Rafael compreendesse exatamente os limites, o ritmo e o coração dela.
Era bonito.
Era seguro.
Era verdadeiro.
O fim da tarde
Ainda deitados na cama de Camila observando enquanto o sol se punha pela janela da kitnet, Rafael segurou a mão de Camila e a olhou com doçura.
— Obrigado por confiar em mim hoje… — ele disse baixinho.
Camila sentiu o peito aquecer.
— Eu… precisava sentir que era segura ao seu lado. E hoje eu senti.
Rafael sorriu, acariciando a mão dela com o polegar.
— Sempre vai ser.
Camila apoiou a cabeça no peito dele, escutando o coração tranquilo sob sua orelha.
E naquele silêncio, teve certeza de algo que vinha crescendo há dias: ali havia amor nascendo.
Continua... Aguarde o capítulo 86.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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