Capítulo 46: O Projeto de Duas Almas
Os dias voltaram a correr tranquilos.
Depois da tempestade, o cotidiano parecia mais leve — como se a chuva tivesse levado embora o peso das incertezas.
Anna voltou a sorrir com mais frequência, e o brilho em seu olhar havia retornado.
O escritório, agora, tinha outro ar.
Entre os quadros coloridos, as plantas nos cantos e o aroma constante de café, era possível sentir que aquele espaço carregava mais do que trabalho: carregava histórias.
Numa tarde calma, enquanto revisavam algumas planilhas, a amiga olhou para Anna e disse:
— Sabe, eu tenho pensado em algo…
Anna arqueou uma sobrancelha, curiosa.
— Lá vem ideia nova. — riu. — O que você tá aprontando?
— E se a gente criasse algo juntas? — disse ela. — Um projeto só nosso. Algo que una o que a gente acredita com o que a gente vive.
Anna deixou o lápis escorregar entre os dedos.
— Como assim?
A amiga se inclinou para frente, animada.
— Pensa: a gente já tem o escritório, os contatos, a experiência. E a tua história — o jeito como você enfrentou o medo, se descobriu, se mostrou pro mundo — isso inspira.
Fez uma pausa e completou:
— E se a gente criasse um espaço voltado pra isso? Pra autenticidade, pra ajudar outras pessoas a se expressarem, a encontrarem o próprio lugar.
Anna ficou em silêncio por um momento, absorvendo cada palavra.
Era como se, de repente, o passado, o amor e o propósito se encaixassem perfeitamente.
— Um espaço de apoio, autoestima e expressão… — repetiu em voz baixa. — Isso seria incrível.
As duas passaram o resto da tarde desenhando ideias, rabiscando nomes, sonhando em voz alta.
Queriam um lugar que acolhesse pessoas diversas — um estúdio, um refúgio, um pequeno universo onde cada um pudesse se olhar no espelho e se reconhecer com orgulho.
No fim do dia, o quadro branco estava cheio de palavras: acolhimento, liberdade, coragem, beleza real.
Anna leu cada uma delas em silêncio e sentiu um nó na garganta.
— Engraçado — disse ela, com os olhos marejados. — Passei tanto tempo tentando me esconder… e agora quero ajudar os outros a se mostrarem.
A amiga sorriu, tocando seu rosto com carinho.
— Isso é o mais bonito da tua história. Você transformou a dor em luz.
Elas se abraçaram, e naquele abraço havia mais do que afeto — havia propósito.
O amor delas tinha amadurecido, se expandido, e agora se tornava algo que ultrapassava as paredes do lar e do escritório.
Ao entardecer, Anna abriu a janela e observou o céu tingido de laranja.
— Acho que finalmente entendi — disse, com um sorriso calmo.
— O quê? — perguntou a amiga.
— Que o amor verdadeiro não é um fim… é um começo que se renova todos os dias.
E, enquanto o sol se escondia no horizonte, as duas sabiam que estavam prestes a dar mais um passo — não apenas como casal, mas como parceiras de um sonho que nascia daquilo que sempre as uniu: o amor e a coragem de ser quem se é.
Nasce assim a ideia do Studio Florescer Crossdresser.
Continua... Aguarde o capítulo 47.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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