Capítulo 44: O Amor Mora nos Detalhes

Capítulo 44: O Amor Mora nos Detalhes

Os primeiros dias no novo apartamento foram uma mistura de novidade e descoberta.
Ainda havia caixas abertas, quadros encostados nas paredes e algumas plantas esperando por vasos — mas, para Anna, tudo aquilo já tinha cheiro de lar. 

Crônica Crossdresser - Capítulo 44: O Amor Mora nos Detalhes

Logo pela manhã, o aroma do café fresco se espalhava pela cozinha.
Era a amiga quem costumava acordar primeiro, e Anna, sonolenta, surgia minutos depois com o cabelo bagunçado e um sorriso preguiçoso.

— Bom dia, minha mulher de café e sonho — dizia a amiga, rindo, enquanto lhe entregava uma xícara.
Anna retribuía com um olhar doce, sentando-se à mesa.
— E bom dia pra quem faz os meus dias começarem bonitos.

As rotinas se entrelaçaram com naturalidade.
O escritório seguia funcionando, mas agora o retorno para casa tinha outro significado.
Ao atravessar a porta, Anna sentia que deixava o mundo lá fora — e entrava em um espaço onde podia ser, simplesmente, ela.

Às vezes, trabalhavam juntas no sofá, com notebooks no colo e risadas entre uma tarefa e outra.
Outras vezes, o silêncio era confortável — apenas o som das teclas, o vento na janela e o cheiro de incenso no ar.

Aos domingos, costumavam cozinhar algo novo.
Entre panelas e temperos, a cozinha virava um pequeno palco de risos e cumplicidade.
Anna adorava observar a amiga cortar legumes com concentração.
E, quando ela se distraía, chegava por trás, abraçava sua cintura e encostava o rosto no pescoço dela.

— Tá vendo? — sussurrava. — O segredo do tempero é o carinho.

A amiga ria, virando-se para um beijo leve, desses que falam mais do que mil palavras.

À noite, o ritual era sempre o mesmo: um chá quente, um cobertor compartilhado e um filme qualquer na televisão.
Mas, para Anna, nada era “qualquer coisa”.
Cada olhar, cada toque, cada risada transformava o ordinário em algo mágico.

Certa vez, enquanto estendiam roupas na varanda, Anna comentou:
— Engraçado, né? Sempre achei que a felicidade vinha com grandes momentos… mas, no fim, ela mora nas pequenas coisas.
A amiga respondeu com um sorriso tranquilo:
— É porque o amor verdadeiro é feito disso. Dos detalhes que ninguém vê, mas que a gente sente o tempo todo.

O vento da tarde balançava as roupas no varal, e o sol dourado iluminava os rostos das duas.
Anna segurou a mão dela, e ficou em silêncio por um instante.
— Eu nunca pensei que pudesse viver algo assim… tão simples e tão completo.

— Nem eu — respondeu a amiga. — Mas a vida é sábia. Quando a gente se aceita, o amor encontra o caminho.

E ali, entre o cheiro de café, o barulho suave da cidade e o calor dos gestos cotidianos, Anna entendeu que a felicidade não morava em sonhos distantes — ela estava ali, nas pequenas cenas de um amor que florescia todos os dias, dentro de um lar chamado nós.

Continua... Aguarde o capítulo 45. 

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