Capítulo 42: Um Lar Chamado "Nós"
O domingo amanheceu calmo na pousada.
A luz suave do sol entrava pelas frestas da cortina, e o som distante dos pássaros preenchia o quarto.
Anna abriu os olhos devagar, sentindo a presença tranquila da amiga ao seu lado.
Por um momento, ficou apenas observando o rosto dela adormecido, o ritmo sereno da respiração, o sorriso leve que se formava mesmo em meio aos sonhos.
Era uma imagem simples, mas carregada de significado.
Aquele era o tipo de paz que ela sempre buscou — e, enfim, havia encontrado.
Horas depois, já na estrada de volta, o carro seguia silencioso.
O rádio tocava uma melodia calma, e o vento entrava pela janela, balançando os cabelos de Anna.
— Foi um fim de semana perfeito — disse ela, olhando para a paisagem.
— Foi sim — respondeu a amiga. — E sabe o que é engraçado? Pela primeira vez, eu não sinto que estou voltando pra casa… sinto que estou deixando ela pra trás.
Anna virou o rosto, confusa.
— Como assim?
A amiga sorriu, com aquele olhar cheio de ternura que a desarmava.
— Porque a minha casa é onde você está. E acho que já passou da hora da gente ter um espaço só nosso.
O silêncio que veio a seguir foi cheio de emoção.
Anna sentiu o coração acelerar, uma mistura de surpresa e alegria.
— Você tá falando de… morar juntas? — perguntou, a voz baixa.
— Tô falando de dividir a vida — respondeu a amiga, firme, mas com suavidade. — De acordar todo dia ao seu lado, de te ver de manhã com o cabelo bagunçado, de tomar café juntas antes de sair pro escritório.
Anna desviou o olhar por um instante, tentando conter o sorriso.
Lá fora, o sol já se inclinava no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e rosados.
Ela sentiu que aquele momento era mais do que uma proposta — era um marco.
— Eu… quero isso — respondeu, enfim. — Quero acordar com você. Quero um lar que tenha a nossa bagunça, nossas flores e nossas risadas.
A amiga pegou sua mão e a apertou suavemente.
— Então pronto. Nosso próximo projeto começa agora: construir o “nós”.
Quando chegaram à cidade, passaram primeiro pelo escritório.
O mesmo espaço onde tudo começou — onde amizade virou carinho, e carinho virou amor.
Anna olhou ao redor e sorriu.
— Engraçado — disse. — Esse escritório foi o primeiro lugar onde eu me permiti ser eu. E agora vai ser o ponto de partida pra nossa nova casa.
A amiga se aproximou e a abraçou por trás.
— E você vai ver — murmurou no ouvido dela —, quando a gente tiver o nosso cantinho, ele vai ter a mesma energia daqui: leveza, afeto e verdade.
Anna fechou os olhos e se deixou envolver pelo abraço.
Naquele instante, soube que o amor delas não era mais apenas uma descoberta — era um lar.
E, pela primeira vez, o futuro parecia não só possível, mas bonito.
Continua... Aguarde o capítulo 43.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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