Capítulo 41: Um Fim de Semana de Liberdade
O convite chegou de forma inesperada.
Um pequeno congresso sobre empreendedorismo e diversidade seria realizado em uma charmosa pousada no interior — um espaço arborizado, tranquilo, repleto de chalés e trilhas que pareciam tiradas de um cartão-postal.
Anna e sua parceira decidiram participar.
Era a chance perfeita de unir trabalho e descanso, mas, acima de tudo, uma oportunidade para se mostrarem como realmente eram — sem máscaras, sem disfarces.
Na manhã da viagem, o carro deslizava pela estrada sob um céu limpo.
Anna olhava a paisagem pela janela, o vento bagunçando levemente seus cabelos soltos.
— Faz tempo que eu não me sinto tão… livre — disse, sorrindo.
A amiga olhou para ela, uma das mãos no volante, a outra segurando a de Anna.
— E é assim que deve ser. Já está na hora do mundo conhecer você de verdade — respondeu com ternura.
Ao chegarem, foram recebidas por outros profissionais, casais e amigos que pareciam vibrar na mesma sintonia de leveza e respeito.
Anna se sentiu acolhida.
O jeito como olhavam para ela não era de julgamento, mas de curiosidade e empatia.
Durante uma das palestras, o tema central foi “A força de ser autêntico em um mundo que insiste em rotular.”
As palavras tocaram profundamente Anna.
Ela trocou um olhar com a amiga e soube — sem precisar dizer — que aquele momento marcava o início de uma nova fase.
À noite, houve um pequeno jantar ao ar livre, com luzes penduradas entre as árvores e música suave tocando ao fundo.
Anna usava um vestido leve de tecido esvoaçante, que dançava com o vento.
A amiga, ao lado, a observava com um sorriso de orgulho.
Enquanto caminhavam pelo jardim da pousada, as mãos naturalmente se encontraram.
E, pela primeira vez em público, Anna não recuou.
Não havia olhares maldosos, apenas a naturalidade do amor sendo o que era — simples, bonito e verdadeiro.
— Sabe o que eu mais gosto em você? — perguntou a amiga, olhando-a nos olhos.
— O quê? — respondeu Anna, sorrindo.
— Que você aprendeu a ser inteira. E é essa inteireza que me faz te amar cada vez mais.
Anna sentiu o coração bater forte.
As luzes ao redor pareciam piscar em sintonia com o instante.
Encostou a cabeça no ombro da amiga e murmurou:
— E eu aprendi que ser mulher é, acima de tudo, sentir-se viva, amada e aceita.
O resto da noite foi envolto em risos, conversas e o conforto de quem finalmente encontra o próprio lugar no mundo.
Ao voltarem ao chalé, sentaram-se na varanda, observando o céu estrelado.
O silêncio era doce, quase cúmplice.
Anna respirou fundo e disse:
— Hoje, eu me senti livre. De verdade.
A amiga a abraçou por trás, apoiando o queixo em seu ombro.
— E é só o começo.
E, sob aquele céu infinito, Anna teve a certeza de que não precisava mais se esconder — o amor delas era agora parte da paisagem do mundo, tão natural quanto o vento que soprava entre as árvores.
Continua... Aguarde o capítulo 42.
Confira os capítulos anteriores em: Crônicas Anna Crossdresser
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